o meu golo.... justiceiro!

.

em resposta ao repto do Comboio Azul, posto a minha versão do meu sonho-azul-branco. Tal como o Ricardo (o maquinista) parto para estados de alma excessivos ao sabor dos caprichos da bola....

.

confesso que sou um nostálgico do futebol dos anos 80, os jogos internacionais sempre à quarta à noite, sempre com chuva a cântaros (pelo menos as minhas memórias...), radinho na orelha e ficar de pé o jogo todo a espreitar pelo meio dos guarda-chuvas... chegávamos ao fim do jogo tão molhados quanto os jogadores lá em baixo. Os jogos internacionais eram com equipas como Dínamo de Zagreb, FC Aberdeen ou Appoel de Micósia. Só muito raramente tínhamos o prazer de ver um gigante como o Real ou o Barcelona na Invicta.

.

Dava para assistir a goleadas à maneira antiga a equipas do Chipre ou Irlanda do Norte e ver os vários estilos de jogo, conforme a nacionalidade do opositor. Hoje em dia, o futebol é tacticamente igual em todo o lado... em Dezembro foi um prazer ver o Arsenal fazer rendilhados com a bola de olhos fechados no Dragão.... mas que é feito do kick-and-rush que tanto medo metia nas equipas portuguesas? Já não há avançados irlandeses toscos mas mortíferos nem os centrais escoceses duros e pesadões nas equipas inglesas...

.

Voltando então à minha fantasia azul-e-branca, ela tem de ter como pano de fundo estádio das Antas, meados dos anos 80. O diamante lapidado pelo Mestre Pedroto brilhava então nas mãos do Rei Artur. 15 dias antes a equipa tinha ido a Barcelona e depois de uma roubalheira "de igreja" perdeu por 2-0, num jogo em que qualquer jogada de ataque dos nossos era invariavelmente terminada à cacetada, e por três vezes na grande área dos catalães.

.

Com 0-0 a vinte minutos do fim a entrada do dínamo Juary ("a arma secreta), rapidamente fazemos 2-0. Depois vem o balde de água fria do 2-1 e o 3-1 nos últimos segundos apenas confirma que a eliminatória vinha decidida de Barcelona.

.

Aqui entro eu!!

.

(pequena nota introdutória: quando era criança, talvez por não ter grande jeito, normalmente jogava a defesa central. Basicamente dava paulada no avançado que me aparecesse pela frente e de vez em quando ía lá frente para a molhada. Assim, o meu ídolo dos domingos à tarde nas Antas era o Eurico. Acho que preteri o Lima "ou bola ou perna" Pereira devido a este ser realmente muito feio..)

.

Contrariamente ao que se passou à 20 anos, no último canto do jogo, no ultimo suspiro do estádio a bola rechaça para o espaço vazio entre a cabeça da área do barça e o meio campo, surge/surjo Eurico/eu a correr exausto lá de trás e contrariamente ao ar sempre cool que apresentava levanta/levanto a cabeça, fecha/fecho os punhos e de bico estoura/estouro a bola... que passa pelo meio da floresta de camisolas enlameadas.... e acaba no fundo da baliza!! os guarda-chuvas pelo ar, o povo vestido de impermeáveis aos berros e jogadores em correria para a rede (na altura não havia ainda as 30 regras de como se pode ou não pode festejar um golo)....

.

tinha sido bom, não? :)

.

um abraço ao Ricardo (que não conheço de outro lado que não da blogesfera) pela iniciativa!
.

(phot shot in Oporto - Portugal)